As exportações de frutas, legumes e flores nos últimos dez anos ultrapassaram “os mil milhões de euros, com uma média de crescimento de 9% em valor ao ano”. Estes dados foram divulgados pelo presidente executivo da Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, Gonçalo Santos Andrade, durante o workshop “Conversas de Exportação: Oportunidades”, que decorreu no dia 6 de novembro, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha.

Esta iniciativa, que foi promovida pelo Crédito Agrícola, pretendeu ser um “espaço de discussão sobre a exportação no setor agrícola e os desafios do mesmo setor, e ainda a partilha de casos de sucesso através da participação de empresas de referência da região”.

Segundo o presidente da Caixa de Crédito Agrícola das Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche, Luís Soares, “a internacionalização do setor agrícola português é cada vez mais um caso de sucesso no panorama económico comercial”, pois as “exportações cresceram 5,7% ao ano desde 2010, representando atualmente 5,4% no total da economia nacional”. Face a isso é “importante evidenciar o potencial dos produtos nacionais, continuando a apostar numa abordagem promocional da qualidade e da unidade do que é português, e ainda promover as frutas e os legumes de Portugal”.

Gonçalo Santos Andrade, da Portugal Fresh, evidenciou igualmente que o “consumo de frutas e legumes no mundo está com uma tendência crescente, prevendo-se que até 2030 o valor atual duplique para 4,8 triliões de euros”. Como tal, “temos de estar preparados para estes novos consumidores e para a tendência do mercado online”, sendo que “no próximo ano já vão existir cerca de novecentos milhões de compradores online”.

O responsável alertou também para o facto de os produtores começarem a pensar noutras geografias, “diferentes daquelas que habitualmente exportam, caso queiram diversificar os mercados e remunerar como deve de ser a produção”, pois “nos próximos 40 anos não vai haver aumento da taxa populacional nos países da União Europeia”. Além disso existirão “muitos outros obstáculos e desafios”, no que diz respeito aos consumidores, que “cada vez mais vão querer maior rapidez, flexibilidade e transparência todo ano. E isso são desafios muito grandes para a produção”.

Nesse sentido, “a única maneira de enfrentar estes novos desafios é cooperar ou concentrar cada vez mais a oferta para aumentar o poder negocial, se possível através de parcerias”.

O presidente executivo da Portugal Fresh referiu que neste momento “54% do que produzimos vai diretamente para a exportação”, nomeadamente para Espanha, que lidera como principal destino da produção nacional. Nos primeiros nove meses do ano as exportações para aquele mercado somaram 283 milhões de euros, aumentando 6% face ao ano passado. ”Esta comunicação positiva do setor nas várias plataformas é extremamente importante para conseguirmos cada vez mais penetrar nos mercados internacionais”, concluiu o responsável.

No que diz respeito à exportação, Rui Garcia, da direção de negócio internacional do Crédito Agrícola, referiu que “as empresas que exportam são mais sólidas e mais estáveis do que as empresas que vivem só no mercado nacional, tendo estas um peso de 40%”.

No seu entender, a procura de apoio e sinergias com parceiros locais e nacionais podem ajudar a mitigar o risco.

Sobre as “premissas do mercado exportador”, o presidente do Grupo Crédito Agrícola, Licínio Pina, referiu que “uma das principais é a especialização produtiva, ou seja, se é um produto especial que o mercado consuma e deseje”.

Na iniciativa marcaram presença “alguns casos de sucesso” de produtores da região, como a Frutalvor, a Granfer, a CPF – Centro de Produção e Comercialização Hortofrutícola e a HortaPronta, que falaram sobre a sua produção e os desafios da mesma para os próximos cinco anos.

 

Por: Mariana Martinho, Jornal das Caldas